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30.3.16

CRESSWELL, Tim. 2014. Mobilities III: Moving on. Progress in Human Geography , 38 .5: 712-721.

Mobilities III: Moving on
Tim Cresswell

I. Introdução

Este relatório final é mais focado em mobilidades futuras, reconhecendo que elas se apoiam na produção de mobilidades no passado.

II Mobilidades críticas

Eles definem mobilidades críticas em três sentidos. Primeiro como mobilidades que aparecem problemáticas nos discursos dos governos e os meios de comunicação (tais como carne de cavalo virando hamburgers).

O segundo significado de "crítica" é a capacidade de fornecer críticas perspectivas sobre a constituição da sociedade através de uma abordagem que coloca em primeiro plano essas mobilidades.

Em terceiro lugar, as mobilidades críticas procuram sondar os limites da abordagem da mobilidades em si, bem como encontros produtivos com outras formas de pensar.

Robinson (2013), por exemplo, defende um foco em “ideias em movimento" que chama a atenção para a forma como o movimento de ideias está ligado à transformação dessas ideias à medida em que chegam a novos destinos e tornam-se conectadas a novos atores e coisas.

Estas ideias (como a política urbana) são incorporadas em cada cidade de um jeito próprio. No processo de mudança, alguns elementos se perdem ou são traduzidos.

Estamos vivendo em uma época em que celebramos simultaneamente  a abertura de fronteiras e o direito à mobilidade (global), ao mesmo tempo em que se insiste em uma "política hegemônica de segurança", que ele chama de "securitarismo" (De Genova, 2013: 103).

Ele descreve como o discurso antiterrorista tem citado a migração como parte do problema, ao mesmo tempo em que a Guerra ao Terror tenta endossar um mundo sem (algumas) fronteiras.

III Viajando de maneira diferente

Algumas  subespécies de mobilidade povoaram a literatura. Os três mais proeminentes são: a pé, de autmóvel e transporte aéreo.

Mobilidade (como condutor ou passageiro) não é facilmente confundida com liberdade.

Quando Urry (2012) pergunta 'Vidas móveis têm um futuro?" , é claro que ele não quer dizer todas as formas de vida móvel. Ao contrário, ele está se referindo aos tipos de vida móveis que dependem de petróleo - Automobilidades, aeromobilidades e mobilidades marinhas. Junto com a possibilidade de o auge da produção de petróleo já ter passado, ele argumenta, também podemos já ter atingido o auge da mobilidade movida a carbono (Urry, 2012).

A mobilidade “pós-pico” é uma agenda que é provável que se torne mais proeminente, mais cedo ou mais tarde.

IV Mobilidades Animais

Os animais são criados e manipulados para operar como unidades padrão nas experimentações científicas.

Como o leite era cada vez mais removido do seu ponto de origem, rapidamente se tornou associado com a propagação de doenças - a tuberculose - que fluiu da vaca para o ser humano através do leite.

V Logística

A história do leite é a história da imposição de espaço-tempo tecno-social sobre o mundo animal. É uma história da imposição da razão logística.

No mundo capitalista, distribuição de bens em grande parte acontece através de procedimentos logísticos intrincados. Isso envolve um software complexo, que é projetado para manter as coisas em movimento e evitar que qualquer coisa fique  em um lugar por muito tempo. Envolve também paisagens pelas quais podemos passar, mas que raramente prestamos muita atenção - armazéns, portos, instalações de armazenamento de contentores, centros de distribuição (Easterling, 2005).

Logística como uma das arenas centrais em que o capitalismo está encontrando novos caminhos para extrair lucro através de um constante processo de mobilização de mercadorias, emoções, etc.

Um dos objetivos centrais da logística é evitar que as coisas fiquem paradas - é mantê-las em movimento.

Logística produz paisagens particulares. Paisagens como mega stores, como Walmart e Best Buy, que maximizam o fluxo de bens e uso do espaço, a fim de produzir lucro.

Ela (Easterling) está preocupada revelar a importância das pausas em um mundo de fluxo logístico e examinar o papel que coisas aparentemente tão móveis como contêineres podem ter na produção de paisagens em grande escala em todo o mundo (Easterling, 1999).

Em qualquer sistema de mobilidade há inevitavelmente turbulência (alguns sugerem que só existe isso). Turbulência, ou a mobilidade desordenada, produz momentos em que a invisibilidade do sistema logístico de repente (e chocantemente) se torna visível.

Há uma longa história de produção de mobilidades corporais no local de trabalho - o tempo de estudo do taylorismo simplesmente sendo o mais notável deles.

Mobilidades corporais estão também cada vez mais sendo colonizadas pela logística.

VI Off-shore

Finanças, jogos de azar, eliminação de resíduos e uma série de outros aspectos da vida moderna são cada vez mais "fora do território" (offshored) em um espaço onde existem tais práticas em diferentes enquadramentos legais - que são definidos territorialmente em vez de espaços de fluxo.

Aqui a mobilidade permite a infração às leis e normas do território de maneira profundamente preocupante.

As práticas do offshoring e as mobilidades que a possibilitam são altamente clandestinas e produtoras de vidas secretas.

Argumento em desenvolvimento de Urry é que o offshoring é, em grande parte, uma atividade nefasta que ultrapassa formas legítimas de regulamentação.

Exemplos claros disso podem ser encontrados nas estratégias para evitar impostos.

Outros exemplos vêm à mente - como a prestação de seriços de aborto em navios.

VII Conclusão

A segurança foi muitas vezes encarada como uma função das fronteiras, mas as fronteiras não são mais linhas bem marcadas que ocorrem entre territórios.

Fronteiras também estão em movimento (Rumford, 2010).

Mas as fronteiras não são a única forma de segurança. A Segurança está acontecendo em formas móveis através de sistemas de monitoramento e rastreamento que buscam inserir as pessoas (bem como animais e objetos) em uma epistemologia logística.

As etiquetas RFID, códigos de barras, pulseiras de monitoramento e drones da força aérea são todos enredados nessa rede de mobilidade/segurança de fronteiras convencionais e não convencionais.

Onde quer que haja mobilidade sempre haverá turbulência.

Embora seja claro que alguns estão usando a palavra "mobilidade" como um termo vago, onde uma vez que eles poderiam ter usado 'migração' ou 'transporte', é também claro que, para muitos, uma perspectiva a partir das mobilidades exige um aprofundamento teórico e metodológico que significa um afastamento de um sedentarismo ontológico, epistemológico e metodológico. Isto é bem-vindo.

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